
A correspondência deverá ser assinada
por 10 ou 12 associações, que representam produtores, comercializadores e
consumidores de energia elétrica. Elas vão se colocar à disposição do
governo federal para qualquer iniciativa de racionalização de energia
neste momento. "É melhor sofrer agora do que deixar para depois e correr
risco de um corte bem maior", afirmou o executivo de uma das entidades
que participarão do movimento.
Segundo
ele, várias empresas poderão antecipar manutenções e reduzir o consumo
de eletricidade. "Racionalizar o uso da energia não é o mesmo que
racionamento. A indústria pode dar sua participação e ajudar no
abastecimento do País. Mas ela precisa ser informada sobre o que está
ocorrendo."
O
setor de ferro-ligas, por exemplo, já reprogramou o planejamento e, em
alguns casos, a paralisação temporária da produção para manutenção dos
fornos - a energia representa cerca de 40% dos custos dessa indústria. A
decisão foi motivada pelo aumento do preço no mercado à vista, que está
em R$ 822 o megawatt hora (MWh). Nesse caso, ao deixar de consumir,
algumas empresas ganham dinheiro na operação, pois compraram energia
mais barata e vão receber os R$ 822.
Falta de comunicação
As
associações reclamam da falta de comunicação com o governo, o que acaba
causando ruídos no setor. "Os números mostram que a situação não é
confortável. Pelo contrário, revelam que o problema é grave. Mas o
governo diz que está tudo bem, que não há risco para o sistema", afirma o
presidente de uma das associações, que prefere não se identificar
enquanto a carta não for entregue ao ministro.
O
executivo diz que o grupo vai reivindicar um assento no Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), hoje formado por representantes
do Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
"Tínhamos sido aceitos, mas o ministério reviu a nossa participação."
As
associações querem que o governo mostre detalhadamente qual a real
situação do setor elétrico, uma vez que especialistas que trabalham há
anos na geração de energia veem o cenário como gravíssimo. Até
quinta-feira, o nível dos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste
estava em 34,71% - o menor desde 2001 (ano do racionamento). "Queremos
ser orientados sobre como devemos atuar neste momento."
Fonte: Estadão
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