“A causa dessa estiagem foi um sistema de alta pressão no Oceano
Atlântico e na costa do Brasil entrando pelo continente, que não
permitiu as frentes frias chegarem em parte do Sul e no Sudeste”,
declara Carlos Nobre, secretário do ministério de Ciência e Tecnologia.
Pouca gente se beneficiou tanto da combinação de dias ensolarados com
pouca chuva nesse verão quanto o dono de uma casa no bairro de Santa
Tereza, no Centro do Rio. Ele transformou o próprio telhado em uma
pequena usina solar. É oficialmente um microgerador de energia. Uma
novidade importante no sistema elétrico brasileiro”
“Neste momento, estou gerando 1.660 watts. Isso dá para dois ar
condicionados, dois computadores e uma geladeira”, diz Hans Rauschmayer,
engenheiro de ciência da computação. O dono da casa pagou R$ 14 mil para gerar a própria energia. E calcula
que levará dez anos recuperar o investimento. “A economia são de 60%,
então eu pago apenas 40% do que eu pagaria sem energia solar”, explica
Hans Rauschmayer. Toda vez que gera mais energia do que recebe da rede, Hans não paga conta de luz.
No país de Hans (Alemanha), com muito menos sol que o Brasil, já existem
aproximadamente 1,5 milhão de instalações como essa. Por aqui, segundo a
Agência Nacional de Energia Elétrica, são apenas 83.
São equipamentos que geram energia a partir do sol. Diferente dos
coletores solares, que aquecem a água do banho e são comuns no Brasil.
Além do custo dos equipamentos e da falta de incentivos, o maior
problema no Brasil ainda são os impostos. E olha que a Agência Nacional
de Energia Elétrica recomenda que não haja taxação.
“Na nossa compreensão não é correto cobrar esse imposto sobre essa
geração. Agora, têm estados que estão cobrando, tem estado que já
isentou”, declara Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel. Apenas Minas Gerais
não recolhe impostos de equipamentos solares. Para o especialista
Roberto Schaeffer, o setor elétrico precisa investir em inovação e abrir
espaço para outras fontes de energia.
“É um momento importante, mas a gente tem que pensar que o sistema
elétrico do futuro será muito diferente daquele que a gente tem no
Brasil hoje”, afirma Roberto Schaeffer, professor do Programa de
Planejamento Energético da Coppe/UFRJ.
Fonte: G1.com/JornalNacional